Java com café

Conversão de Tipos ou Casting - Java

Não sei se alguem já notou mas as anotações sobre Java que estou postando aqui são apropriadas para quem vai prestar o exame SCJP (Sun Certified Java Programmer). Como também pretendo ser um programador certificado pela Sun, estou estudando e quero aproveitar para compartilhar com você meus resumos.
Hoje vou falar sobre o objetivo 5.2 do exame que é sobre Conversão de Variáveis de Referência (também conhecido por Cast ou Casting de tipos):
Dado um cenário, desenvolver código que demonstre o uso do polimorfismo. Além disso, determinar quando a conversão será necessária e saber diferenciar erros de compilação de erros de tempo de execução relacionados a conversão de referências a objetos.
Temos 2 pontos principais neste objetivo: Uso do polimorfismo e saber diferenciar erros de compilação e de tempo de execução. Veja também que no final está "referências a objetos". Isto quer dizer que esse tipo de conversão não é como conversão entre tipos primitivos (que não será abordado neste post).
Vamos começar analisando o código:
//Superclasse
public class Animal {
 
 void comer(){
  System.out.println("Animal comendo...");
 }
 
}
//Subclasse
class Dog extends Animal{
 
 void rolar(){
  System.out.println("Dog rolando...");
 }
}

Upcasting ou Conversão ampliadora

Considerando o código acima poderíamos naturalmente fazer as seguintes declarações:
Animal animal; //Declarou um tipo genérico
animal = new Dog(); //Apontou para um mais específico
//Ou simplesmente:
Animal animal = new Dog();
//Ou ainda:
Animal animal = (Animal)new Dog(); //Conversão explícita

Porque? Tipos genéricos podem apontar para tipos mais específicos. Isto chama-se upcasting ou conversão ampliadora. Esta conversão é sempre segura, pois estamos indo de um tipo mais específico para um mais genérico (de baixo pra cima na árvore de herança) e sabemos que a superclasse poderá fazer tudo que a subclasse fazia pois herdou dela. Mas fazendo isto estamos perdendo os métodos de Dog.
Nesse caso a variável de referência animal que é do tipo Animal faz referência a Dog e isto é possível porque Dog É-UM Animal (Este relacionamento É-UM significa que Dog extends Animal).
Por estes motivos o compilador permite fazer o cast sem nenhuma notação especial nem nada explícito.


Até aqui tudo bem, mas e se tentar realizar um comportamento mais específico? Por exemplo, tentar chamar um método que só existe em Dog? Não pode porque só comportamentos de Animal serão aceitos:
animal.rolar(); //Problema! Método não definido para o tipo Animal

O código não compila porque animal não tem o método rolar(). Entenda que estamos transformando um Dog num tipo mais genérico e que ele agora só poderá executar ações deste novo tipo. Ele perdeu os comportamentos específicos que tinha.
Mas um coisa interessante é que se Dog sobrescrever algum método de Animal, qual dos métodos será executado? Vamos modificar o código:
//Superclasse
public class Animal {
 
 void comer(){
  System.out.println("Animal comendo...");
 }
 
}
//Subclasse
class Dog extends Animal{
 
 void rolar(){
  System.out.println("Dog rolando...");
 }
 //Dog sobrescreveu o método comer
 void comer(){
  System.out.println("Dog comendo...");
 }
}

Suponhamos que faça a seguinte chamada:
Animal animal = new Dog();
animal.comer();

Quem vai comer? Animal ou Dog? Neste caso o método em Dog seria executado porque ele sobrescreveu. Então quando fazemos o upcasting perdemos os métodos do subtipo mas se algum for sobrescrito a versão a ser executada é a do subtipo. Muito louco isso não é?

Downcasting

Seguindo a raciocínio do upcasting, se quisermos "voltar" um tipo genérico para o mais específico (conversão redutora), devemos fazer a conversão explicitamente:
Dog dog = (Dog) animal;
dog.comer();

Veja que mudamos apenas o tipo da variável, não o tipo da referência. Então esta conversão se torna possível pois animal faz referência a Dog.
Então você se pergunta: Porque o upcasting é automático e o downcasting não? Agora chegamos num ponto interessante: No upcasting a conversão nunca falha. No downcasting, nem sempre teremos esta certeza. No exemplo citado acima, a conversão deu certo porque animal fazia referência a Dog mas e se não fizesse? Se animal fizesse referência a Animal mesmo?
Animal animal = new Animal();
Dog dog = (Dog) animal;

Como isso poderá ser feito se Animal não é um Dog? Animal nem sabe da existência de Dog. A conversão não pode ser feita porque os tipos são incompatíveis.
Só que o mais intrigante vem agora: O código compila!
Se você usa o Eclipse vá em Project > Clean..., selecione seu projeto e veja se apareceu algum erro em Problems? Não vai aparecer nada, porque pro compilador está tudo bem, ele não sabe e nem quer saber se animal faz referência a Animal ou Dog. Mas quando tentar executar:
Exception in thread "main" java.lang.ClassCastException: Animal cannot be cast to Dog
at Animal.main(Animal.java:46)
Então não tente converter um objeto para um tipo que ele não é. Mas lembre-se que o compilador não sabe se você vai tentar isto.
Para saber se dada conversão é aceita devemos usar o operador instanceof. Este operador retorna true ou false para uma comparação entre tipos:
 if (dog instanceof Animal)
 {
  System.out.println("dog é um Animal.");
 }

Na IDE Eclipse, quando começar a digitar "ins" e pressionar Ctrl + Barra de espaço ele já sugere o operador, então pressionando Enter ele já vai preencher um bloco de código igual a este:
 if (name instanceof type) {
  type new_name = (type) name;
  
 }

Aí é só você ir dando TAB e preenchendo os campos. Ele faz isso porque sabe que quase sempre que usamos o instanceof é pra saber se um objeto é de determinado tipo, e sendo positivo, já queremos que o objeto seja convertido neste tipo.
Aproveitando que já dei essa dica, tem outras duas que eu também uso muito para criar o método main e pro comando System.out.println: Para o main apenas digite main e Ctrl + Barra de espaço, para o println digite sysout Ctrl + Barra de espaço.

Só por curiosidade: Podemos converter qualquer objeto no tipo Object, como já falei no outro post, o Object é como uma classe "mãe" no Java:
Object obj = (Object)new Animal();

Mas essa conversão não tem muita utilidade pois faz com que animal perca todos seus métodos como já foi explicado. Por hoje é só!

Bons estudos e boas conversões!

Construtores - Java

Hoje vou falar sobre construtores:


Construtores são esses caras que constroem as coisas, ou melhor, objetos. Não estranhe a foto que usei para ilustrar esse post, é apenas uma homenagem ao homem trabalhador. Aquele que trabalha sob o sol, pegando no pesado, para construir nossos lares e etc. Bom, mas não vamos nos desviar do assunto.
Uma coisa é verdade: toda classe em java tem pelo menos um construtor(até abstratas, enums), exceto interfaces. Decore isto.
Mas é claro que interfaces não tem construtores, elas não fazem nada! Mas não subestime-as, elas são importantes para fornecer um acoplamento fraco entre as classes. Outro dia vou abordar este assunto.

Então mais uma vez: Todas as classes (até os enums) tem pelo menos um construtor, exceto as interfaces.
Mas o que são esses construtores? Um construtor é um "método" que é executado sempre que uma classe é instanciada. Toda vez que você digitar a palavra chave new o construtor será executado e inicializará o objeto. As vezes passamos algum parâmetro tipo new (2, 2, 2) .

Quando fazemos isto estamos inicializando a classe com os dados parâmetros. O construtor serve para inicializar as variáveis de instância da classe, como também executar códigos legais toda vez que inicializar uma classe. Entenda códigos legais como coisas que você gostaria que fossem executadas toda vez que criar um objeto, ficou claro?
Vamos ver o que é um construtor na prática:
class A {
 A(){
  super(); 
  System.out.println("Executou construtor A");
  //Códigos legais aqui
 }
}

Veja que o construtor é como um método mas ele não tem um tipo de retorno, nem void. Também tem o mesmo nome da classe e sempre terá. Ele pode ter modificador de acesso, até private (mas saiba das implicações disto). O compilador criará automaticamente um construtor igual o mostrado acima caso você não codifique nenhum. Porque ele faz isto? 

Todo construtor executa primeiramente uma chamada super() ou this() dependendo do caso, quando executado. Somente uma dessas chamadas é válida antes do resto. Mesmo que você não coloque explicitamente, o compilador irá colocar um super() pra você porque em algum momento ele vai ter que inicializar sua superclasse antes de inicializar a classe em si. 

Então você deve se perguntar se a classe A tem uma superclasse porque não está herdando de ninguém. Errado! Todas as classes herdam de Object implicitamente. Object é tipo uma classe "mãe" no Java (ela fornece métodos como equals por exemplo).
Se temos duas classes A e B, com B herdando A, quando criamos uma instância de B os construtores são executados em forma de pilha: B chama A e A chama Object. Object é executado, A é executado e por último B:

OBJECT
A
B

Mais adiante vou mostrar o resultado disto. Antes de continuar vamos rever alguns conceitos. Quando você digitar:

class A {
}

Seu compilador irá adicionar automaticamente o construtor:
class A {
 A(){
  super(); 
 }
}

O contrutor criado por ele sempre será sem argumentos. E se digitar só:
 
class A {
 A(){
 }
}

Não tem problema, o compilador adicionará o super();
O compilador só não vai fazer nada se for adicionado um construtor sobrecarregado:

class A {
 A(String s){
  super(); 
  System.out.println("Executou construtor A");
  //Códigos legais aqui
 }
}

Isso mesmo! Construtores podem ser sobrecarregados (mas não sobrescritos porque não são herdados), mas lembre-se:

Se houver um construtor sobrecarregado qualquer, o compilador não vai criar outro automaticamente
Sabendo disto você não cairá em pegadinhas do tipo:
class A {
 A(String s){
  super(); 
  System.out.println("Executou construtor A");
  //Códigos legais aqui
 }
}

public class B extends A{
 
 public static void main(String[] args) {
  new B();
 }
 
}

Acontece que a classe B possui aquele construtor automático que falei anteriomente. E na classe A, por ter definido um construtor sobrecarregado, não temos o construtor padrão sem argumentos, então código não compila:

Exception in thread "main" java.lang.Error: Unresolved compilation problem:
Implicit super constructor A() is undefined for default constructor. Must define an explicit constructor

at B.(B.java:10)
at B.main(B.java:13)

Sempre tente detectar isto quando uma questão abordar construtores e como funciona a pilha. Logicamente o código terá mais alguma lógica obscura tentando lhe desviar do problema e tentando esconder o obvio. Neste caso, para resolver o problema, você mesmo deve criar construtor em A sem argumentos ou em B passando o parametro como pede:
 B(String s) {
  super(s);
 }

E a chamada a B deverá ser:

  new B(null);

Veja que o construtor de B recebe o parâmetro e o passa para a superclasse, isto é perfeitamente possível.
Um ponto importante é que nada pode ser feito sem que o construtor seja executado. Nenhum acesso a variável de instância ou método antes que o super() final seja chamado e construa Object. Isto que dizer que um objeto não pode ser utilizado até ser inicializado, o que é obvio, mas também significa que você não pode tentar sabotar o construtor do objeto antes de chamar super():
class A {
 A(String s){
  System.out.println("Antes de executar o super de Object");
  super(); // Problema!!!
  System.out.println("Executou construtor A");
  //Códigos legais aqui
 }
}

Outra coisa é que um construtor pode chamar outro. Um construtor só pode ser chamado dentro de outro. Isto que dizer que ou você chama outro construtor da mesma classe que tenha sido sobrecarregado utilizando o this() ou chama o da superclasse utilizando super(). Como já foi dito, somente uma dessas chamadas poderá ser feita dentro do contrutor e deverá ser a primeira coisa a ser feita.
public class B{
 B() {
  super();
  System.out.println("Executou o construtor padrão.");
 }

 B(String s){
  this();
  System.out.println("Chamou o construtor padrão.");
 }
 
 public static void main(String[] args) {
  new B(null);
 }
}

Veja que o código produz a seguinte saída:

Executou o construtor padrão.
Chamou o construtor padrão.



A saída é "invertida" por causa da pilha. O main chamou o construtor B sobrecarregado, antes de qualquer coisa ele chamou B padrão que chamou super(). Então Object foi criado e volta pra B padrão, então é executado. Volta para o B sobrecarregado e mostra que "Chamou.." no final, ele ja tinha chamado mas estava esperando os outros.
Agora veja o seguinte exemplo:
class A {
 void A(){
  super();
  System.out.println("Executou construtor A");
  //Códigos legais aqui
 }
}

O que tem de errado com a classe? Não... aquilo não é um construtor, é apenas um método qualquer porque ele tem um tipo de retorno e construtores não tem. Tome cuidado.
Só pra finalizar o post porque já está ficando cansativo, analise este código:
class A {
 A(){
  System.out.println("A");
 }
}

class B extends A{
 B() {
  System.out.println("B");
 }
}

public class C extends B{
 C() {
  System.out.println("C");
 }
 
 public static void main(String[] args) {
  new C();
 }
}

Qual será a saída?? Não vou responder...
Bons estudos e até a próxima!

Modificadores de acesso - Java

Hoje vou mudar de assunto e falar um pouco sobre Java. Assim como outras linguagens de programação, o Java tem níveis de acesso que podemos definir para classes, métodos e variáveis. Existem 3 modificares de acesso: Public, Protected e Private. Mas os níveis de acesso são 4, porque implicitamente se nenhum desdes modificadores forem usados o acesso é definido como Default.
Os níveis de acesso podem dizer se um método por exemplo pode ser acessado somente pela classe, por outras classes dentro do seu pacote ou fora dele:
Classe > Pacote > Global

Public e Private

Primeiramente, se você está começando a aprender agora, entenda estes dois modificadores pois são os mais simples. O Public é o menos restritivo de todos. Ele permite que sua classe, método ou variável possa ser acessada globalmente no projeto.
O Private é o mais restritivo. Ele permite que sua variável ou método só seja visto dentro da classe em que se encontra. Classes e interfaces não podem ser Private (nem Protected).
Private é muito usado para encapsular atributos da classe. Neste caso, o acesso aos atributos é feito por um método Public que poderá validar os dados, por exemplo:
private int x = 0;

A variável não poderia ser acessada diretamente. Somente através do método:
 public void setX(int x){
if (x > 0){
this.x = x;
}
}

Default

Default é o nível de acesso usado quando não colocamos nenhum modificador:
 class Animal{}
Quando não usamos modificadores, estamos dizendo que a classe, método ou variável só é visível dentro do seu pacote. O Default então cria uma restrição de pacote. Por este motivo ele é o meio termo entre o Private e Public.

Protected

O Protected é o mais incompreendido de todos. Ele é parecido com Default (restrição de pacote) mas permite que o membro seja acessado através de herança. Isto gera uma certa confusão mas preste atenção: O método ou variável protected só pode ser acessado de fora do pacote através da herança e nunca diretamente! Vejamos o que estou querendo dizer:

package Superclasse;

public class Animal {

private int x = 1;

protected int getX() {
return x;
}
}
Temos um pacote Superclasse contendo a classe Animal. Animal tem uma variável x private e um método protected para retornar o valor desta variável. Até aí tudo bem, vamos criar uma classe em outro pacote que herde de Animal:

package Subclasse;
import Superclasse.Animal;

public class Homem extends Animal{

public static void main(String[] args) {

Homem homem = new Homem();
System.out.println(homem.getX()); //Ok, homem herda de animal
}
}

Vimos que homem herda o método protected getX de Animal. Mas agora tente fazer o seguinte:
package Subclasse;
import Superclasse.Animal;

public class Homem extends Animal{

public static void main(String[] args) {

Homem homem = new Homem();
System.out.println(homem.getX());


Animal animal = new Animal();
System.out.println(animal.getX()); //Erro, tentou acessar diretamente

}
}
Ao tentar acessar o método getX através da instancia de Animal, fazendo isto diretamente o código não compila e mostra o seguinte erro:

Exception in thread "main" java.lang.Error: Unresolved compilation problem:
The method getX() from the type Animal is not visible

at Subclasse.Homem.main(Homem.java:13)

E se outra classe de outro pacote instanciar Homem, terá acesso ao método? Não, novamente somente através da herança poderá ter acesso.
Para não esquecer como isso funciona eu imaginei a seguinte situação: Temos o pai, o filho e o amigo do filho. O pai tem dinheiro e pode gastá-lo. Ele dá a mesada ao filho. O filho pode gastar a mesada, mas nunca o dinheiro do pai. O filho pode emprestar dinheiro ao amigo. O amigo pode gastar o dinheiro emprestado, mas nunca o do filho e nem o do pai. Resumindo, você pode ter acesso ao que lhe foi dado, mas não pode acessar de quem lhe deu.
Espero ter deixado claro o funcionamento do protected.

Bons estudos!